Uma coalizão de gigantes da internet, incluindo a Google Inc., se comprometeu a adotar um botão “não rastrear” (“do-not-track”, em inglês) a ser incorporado à maioria dos navegadores da web, iniciativa a que o setor vinha resistindo por mais de um ano.
A mudança está sendo anunciada na esteira do apelo da Casa Branca para que o Congresso americano aprove uma “lei dos direitos à privacidade”, que dará às pessoas mais controle sobre seus dados pessoais coletados na internet.
As empresas de internet já foram flagradas em uma série de deslizes de privacidade com muita repercussão. A Facebook Inc. há pouco tempo aceitou um acordo para arquivar acusações feitas pelo governo dos Estados Unidos de que algumas das suas práticas de privacidade tinham sido injustas e enganosas para os usuários. E, na semana passada, a Google reconheceu que vinha contornando as configurações de privacidade das pessoas que usam o navegador da Apple Inc. em seus iPhones, iPads e computadores. A empresa cessou essa prática depois de ter sido contatada pelo The Wall Street Journal.
O novo botão não rastrear não deterá todo o rastreamento que ocorre na rede. As empresas concordaram em parar de usar os dados sobre os hábitos de navegação dos usuários para personalizar anúncios, e também concordaram em não utilizar os dados para fins de emprego, crédito, saúde ou seguro. Mas os dados ainda podem ser usados para certos propósitos, tais como “pesquisa de mercado” e “desenvolvimento de produto”, e ainda podem ser obtidos pela polícia.
O botão não rastrear também não iria impedir empresas como a Facebook Inc. de rastrear seus membros através dos botões “Curtir” e outras funções.
“É um bom começo”, disse Christopher Calabrese, conselheiro legislativo da União Americana pelas Liberdades Civis. “Mas queremos que a pessoa seja capaz de não ser rastreada de jeito nenhum, se ela assim desejar.”
O botão não rastrear vem sendo muito discutido desde que a Comissão Federal de Comércio pediu que fosse adotado, há cerca de dois anos. O navegador Firefox, da Mozilla Corp., foi o primeiro a adicionar a opção “não rastrear”, no início do ano passado. O Internet Explorer, da Microsoft Corp., acrescentou o botão logo depois, e a Apple o incluiu na versão mais recente do seu sistema operacional Mountain Lion, divulgada para desenvolvedores este ano.
Mas, mesmo aqueles que clicaram no botão continuavam sendo monitorados, pois anunciantes e empresas de rastreamento ainda não tinham concordado em respeitar o sistema.
O anúncio de quinta-feira significa que eles vão agir para começar a adotar o sistema dentro de nove meses, segundo a Aliança da Publicidade Digital, uma coalizão que representa mais de 400 empresas.
Falando em nome do setor, Stuart Ingis, conselheiro geral da Aliança da Publicidade Digital, disse que a decisão de adotar o botão não rastrear é uma “evolução” da filosofia do setor. Antes, a indústria da publicidade vinha pressionando para que o usuário pudesse apenas clicar em ícones de determinados anúncios que ofereciam a opção de bloquear os anúncios personalizados (“opt out”). Ingis disse que o setor continuará usando essa abordagem durante o processo de adoção do sistema de não rastreamento.
Espera-se que a Google incorpore o botão não rastrear no seu navegador Chrome até o final do ano.
Alguns críticos disseram que essa iniciativa do setor pode ser prejudicial a um projeto de um ano sendo conduzido separadamente pelo consórcio World Wide Web, que visa estabelecer um padrão internacional de não rastreamento. Mas Ingis disse que espera que o consórcio seja capaz conciliar seus esforços com a abordagem do setor.
FONTE/AUTOR: The Wall Street Journal
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