Os planos da Nokia para os próximos anos

Os planos da Nokia para os próximos anos

Tecnologias 5G interessam e muito à companhia finlandesa. Já smartphones…

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Eu sei, ainda é duro falar da Nokia sem que os celulares da marca venham à mente. Mas temos que aceitar a realidade: hoje, a companhia quase não tem olhos para outra coisa que não seja o setor de telecomunicações, com destaque para a próxima geração de redes móveis. Prova disso vem de Barcelona: a Nokia aproveitou a atual edição do Mobile World Congress (MWC) para apresentar o AirScale, um ecossistema que promete preparar o mundo para o 5G.

A Nokia de hoje

Ok, talvez o mundo todo seja exagero, mas a empresa tem planos realmente ambiciosos para o segmento. Não que o mercado de telecomunicações seja novo para a Nokia. Mas, desde que a divisão de dispositivos móveis da companhia foi vendida para a Microsoft, a parte que “sobrou” teve que se reorganizar. É como se tudo fosse novo, exceto o legado tecnológico da Nokia relacionado a comunicações, obviamente.

Nos dias atuais, a companhia atua em duas frentes. Uma delas é a Nokia Technologies, divisão focada em produtos e licenciamento de tecnologias. É dela que vem a inusitadacâmera de realidade virtual Ozo e o tablet N1, que nada mais é do que um dispositivo da Foxconn com licença para ostentar a marca Nokia (e que, para ser franco, não foi exatamente um sucesso de vendas).

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A câmera Ozo (bota inusitado aí, né?)

A outra frente, chamada de Nokia Networks, é a mais importante. Tendo como base a antiga Nokia Siemens Networks (uma joint venture já encerrada com a Siemens, como o nome indica), ela é responsável por prover tecnologias e serviços de redes. Sim, o AirScale é ligado a essa divisão, apesar de também ter laços com a Nokia Technologies.

AirScale e 5G

O plano com esse novo ecossistema é permitir que qualquer dispositivo capaz de se conectar à internet encontre a tecnologia mais apropriada para esse fim. Qualquer dispositivo mesmo: smartphones, wearables, carros, maquinários de fábricas, equipamentos de segurança, entre tantos outros.

Para tanto, uma única estação-base compatível com AirScale poderá oferecer várias tecnologias de conectividade, como 2G, 3G, LTE, LTE Advanced e LTE Advanced Pro (também conhecido como 4,5G), além de Wi-Fi de alta velocidade (AirScale Wi-Fi). A tecnologia mais apropriada é escolhida com base nas circunstâncias: redes móveis disponíveis na região, quantidade de dispositivos conectados, menor consumo de energia e assim por diante. O importante é que não haja impedimento de conectividade.

Você já deve ter percebido que a proposta do AirScale se encaixa bem com a chamada “internet das coisas”, conceito que descreve um cenário em que dispositivos dos mais variados tipos se conectam à internet e se comunicam entre si (discutimos o assunto noTecnocast 009, vale a pena conferir). É exatamente esse filão que mais interessa à Nokia.

As tecnologias móveis que temos hoje — 2G, 3G, 4G — são focadas, essencialmente, em aplicações de voz, texto, imagem e vídeo. O 5G cobrirá tudo isso, mas ao mesmo tempo o padrão será mais preparado para conectar veículos, wearables, os objetos da sua casa, enfim. A tal da internet das coisas deve deslanchar mesmo com a chegada do 5G, portanto.

É claro que a Nokia sabe disso. O 5G deverá ser, consequentemente, a tecnologia mais importante do AirScale. Os aspectos que padronizam esse tipo de rede ainda não foram estabelecidos, mas a companhia afirma que o seu ecossistema estará preparado para o que vier.

Não é de se duvidar. Primeiro porque o AirScale é um ecossistema predominantemente baseado em software, o que o torna, pelo menos na teoria, mais fácil de ser adaptado e ajustado. Segundo porque, bom, a Nokia vem acompanhando o 5G bem de perto.

Testes com tecnologias que podem vir a ser a base da próxima geração de redes móveis vêm sendo realizados há algum tempo pela companhia. No primeiro semestre do ano passado, a Nokia conseguiu atingir taxas de transferência de dados de 10 Gb/s (gigabits por segundo) com elas. Testes mais recentes feitos em parceria com a operadora coreana SK Telecom chegaram a 19,1 Gb/s.

Os resultados têm sido tão interessantes que a empresa adotou uma postura otimista: enquanto especialistas do setor falam em 2020, o CEO da Nokia Rajeev Suri afirmou durante o MWC que o 5G deverá começar a sua trajetória rumo ao mercado no final deste ano ou no início de 2017. Na visão do executivo, 2020 será um ano de consolidação da tecnologia.

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Rajeev Suri

Vai ter smartphones?

Previsivelmente, Suri também foi questionado sobre a possibilidade de a Nokia voltar a atuar no segmento de smartphones. Assim como fez em outras ocasiões, o executivo ressaltou que essa possibilidade existe, mas é improvável no curto prazo. Se alguma coisa surgir nos próximos meses, será nos mesmos moldes do tablet N1: uma parceria para colocar a marca Nokia no produto de outro fabricante.

Pode ser que a Nokia venha a se envolver no desenvolvimento de aparelhos, deixando de ficar apenas no licenciamento de sua marca, mas isso também depende de parcerias. Só que a empresa não tem pressa: “isso pode acontecer em 2016 ou mais tarde”, nas palavras de Suri.

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Algo como o lendário Nokia N95? Er…

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Por ora, Rajeev Suri está mais preocupado em firmar (ainda mais) a Nokia no mercado como uma empresa especializada em telecomunicações. Esse é um processo que envolve várias fases. A atual está focada em incorporar de vez as operações da Alcatel-Lucent, que foi adquirida pela Nokia em abril de 2015 por US$ 16,6 bilhões.

Trata-se de um valor superior ao dobro do que a Microsoft pagou pela divisão de dispositivos móveis da Nokia. Pode até parecer exagero, mas o negócio dá à companhia um leque de mais de 33 mil patentes da Alcatel-Lucent. Para uma empresa que tem como rivais companhias como Ericsson e as chinesas Huawei e ZTE, isso é realmente importante.

Tem mais: nesta semana, a Nokia comprou a Nakina System. Essa é uma empresa canadense focada em segurança de redes. É como se Suri e sua turma estivessem dizendo “viemos a esse segmento para ficar”.

Mas tudo está sendo feito com os pés no chão. As aquisições não são precitadas, por exemplo. Até mesmo os investimentos em 5G estão sendo realizados com cautela. Segundo Suri, é fácil criar expectativas sobre tecnologias futuras, mas muitas vezes a realidade fica aquém do esperado. A aposta em soluções bem direcionadas, como o AirScale, é uma maneira de diminuir as chances de que isso aconteça, ainda que os riscos nunca fiquem perto do zero.

FONTE/AUTOR: Tecnoblog, SlashGear, Reuters

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